21 de setembro de 2011

Algumas ideias sobre a Medicina Antroposófica


A Medicina Antroposófica, enraizada numa visão sistêmica, procura resgatar o ser humano no contexto de sua totalidade, valorizando sua vida psíquica e sua individualidade: corpo, alma e espírito – instâncias que estão em permanente movimento e interação com o mundo interior e  com o mundo externo.
Essa Medicina não é apenas uma especialidade médica, mas, principalmente, uma ampliação da Medicina Acadêmica (Modelo Biomédico), pois, ao ter como princípio o conceito do ser humano como um ser corpóreo, anímico e espiritual, desenvolve uma nova racionalidade, abrindo-se a uma prática artística e integrada, porquanto atende o indivíduo compreendido em suas diversas dimensões.
Os fundamentos da Medicina Antroposófica surgiram na Europa, no início do século XX, impulsionados pelo trabalho conjunto de um grupo de médicos, mas  liderados pela médica Ita Wegman e pelo pensador Rudolf Steiner, cujo legado teórico define as bases daAntroposofia (anthropos = homem, sofia = sabedoria), também denominada Ciência Espiritual.
Os estudos de Rudolf Steiner são largamente inspirados pela pesquisa de Goethe, que lhe chamou a atenção para existência das formas arquetípicas nos reinos da natureza, fornecendo a ampliação da própria noção de cosmos, colhida, por exemplo, na teoria das cores e nos estudos sobre a metamorfose das plantas do cientista-poeta alemão.
Assim, cada elemento, substância, ser vivo e criatura sobre a face da Terra faz parte de um único organismo, de um todo interdependente e integrado. Desse modo, o ser humano é considerado uma imagem condensada desse cosmos, um microcosmo em contínua cadência com o macrocosmo.
À luz da Antroposofia, o ser humano é apresentado como portador de quatro estruturas essenciais, convencionalmente chamadas de “corpos”. Uma analogia pode ser feita tanto com os quatro reinos da natureza como também pelos quatro elementos alquímicos fundamentais:
1. corpo físico – é a estrutura sólida, substancial, existente em diversas formas em todos os reinos da natureza (mineral, terra); 2. corpo vital ou etérico – é o fundamento da vida, das características puramente vegetativas (crescimento, regeneração e reprodução), presentes em todos os organismos vivos (vegetal, água); 3. corpo anímico ou astral – é o fundamento da organização sensitiva do homem. Ele reordena os processos biológicos, permitindo a aparição do sistema nervoso e da vida psíquica no mundo animal e no ser humano (animal, anima, alma, ar); 4. organização do Eu – é a organização própria do ser humano, considerada como nossa entidade espiritual e responsável pela autoconsciência, reorganizando as atuações dos outros três corpos. Sua presença determina o surgimento do andar ereto e das capacidades de falar e pensar. Está relacionada com o calor no âmbito do organismo (espírito, calor, fogo).
O diagnóstico em Medicina Antroposófica, dessa forma, abarca, além da anamnese, do exame clínico e dos exames complementares, a pesquisa das estruturas não sensíveis da natureza humana (corpo vital, corpo anímico e organização do Eu), por meio de metodologia própria, inspirada no estudo fenomenológico do modelo vivo saudável.
E, por isso, essa terapêutica envolve o uso de medicamentos específicos, procedentes de substâncias dos reinos mineral, vegetal e animal, utilizados de acordo com processos farmacêuticos singulares de diluição e dinamização, além de terapias complementares, tais como: terapia artística, musicoterapia,  entre outras.
No Brasil, a Medicina Antroposófica foi reconhecida como prática médica em 1993, pelo Conselho Federal de Medicina. Hoje existem iniciativas em vários Estados brasileiros, destacando-se o trabalho médico-social na Favela Monte Azul em São Paulo e a presença oficial na rede pública de saúde em Belo Horizonte (MG).
Referência: Arte Médica – SBMA – Sociedade Brasileira de Médicos Antroposóficos. Ano I, número 1, dezembro de 2000.
Para saber mais, conheça o site da SBMA: www.medicinaantroposofica.com.br
Eugênia Pickina – Palavra Terra

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